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segunda-feira, 12 de março de 2018

Escrito por em 12.3.18 com 0 comentários

Corrida Aérea

Já faz um bom tempo que eu penso em fazer um post sobre corrida aérea. Por motivos vários, eu acabo sempre adiando. Dessa vez, porém, como eu comecei a falar sobre os demais esportes aéreos, resolvi que seria um a boa chance para finalmente concretizá-lo. Recapitulando rapidinho para quem chegou agora, "esportes aéreos" é um termo genérico usado para se referir a 13 esportes regulados pela FAI, a Federação Aeronáutica Internacional - sendo que esses 13 não são todos os esportes aéreos que existem. Aqui no átomo, eu já falei sobre quase todos: um no segundo post sobre esportes de demonstração das Olimpíadas, quatro no primeiro post sobre esportes aéreos e mais seis no segundo, para um total de onze. Hoje é dia de falar sobre os dois que faltam. Começando pela corrida aérea.

Embora esteja submetida às regras da FAI, a corrida aérea não foi criada nem é organizada pela entidade, e sim pela fabricante de bebidas Red Bull. Isso ocorre porque o único campeonato de corrida aérea realizado hoje no mundo é o Red Bull Air Race World Championship - os altos custos das corridas evitam que haja campeonatos nacionais, e até agora não surgiu uma concorrente internacional.

A corrida aérea foi uma criação do piloto de aerobática húngaro Péter Besenyei (hoje aposentado) em parceria com a Red Bull, que possui grande interesse no patrocínio do maior número de esportes possível (sendo dona de uma equipe de Fórmula 1 e de vários times de futebol, rugby, vôlei e basquete ao redor do planeta), e, em 2001, estava disposta a criar um novo esporte, ao invés de se envolver com um que já existisse. Alguém na equipe achou que seria legal uma corrida de aviões, e, após consultarem Besenyei, concluíram que, além da velocidade, tal corrida deveria testar também a precisão e a habilidade dos pilotos. Para isso, eles começariam a trabalhar em obstáculos que pudessem ser transpostos sem representar risco aos pilotos caso os aviões colidissem com eles acidentalmente.

Após um ano de testes, os engenheiros contratados pela Red Bull criariam os hoje chamados air gates, cones infláveis feitos de polímeros sintéticos que se partem ao menor toque com os aviões, mas podem ser recolhidos e substituídos rapidamente caso isso ocorra. Besenyei participaria de vários testes passando pelos air gates a diferentes velocidades e altitudes (e até mesmo colidindo com eles de propósito), até que todos ficassem satisfeitos com o nível de segurança alcançado. Com tudo pronto, os maiores craques da aerobática foram convidados para a corrida inaugural, que aconteceria em 28 de junho de 2003 em Zeltweg, Áustria, país de origem da Red Bull. A corrida seria um sucesso, e a empresa decidiria realizar uma segunda, em 20 de agosto, em Budapeste, Hungria, país de origem de Besenyei - que venceria as duas corridas e seria coroado Campeão Mundial de 2003, mesmo com apenas duas provas na temporada, a primeira contando com apenas seis pilotos e a segunda com apenas três.

A segunda temporada, em 2004, chamou bem mais atenção e contou com a participação de 11 pilotos, que disputaram três provas, com o campeão sendo o norte-americano Kirby Chamblers. Outro norte-americano, Mike Mangold, seria campeão em 2005, ano que contaria com 10 pilotos e 7 provas. Em 2006, o número de provas aumentaria para 9, o de pilotos voltaria a ser 11, e Chambliss ganharia seu segundo título. Em 2007, teríamos 10 provas, 13 pilotos, e o segundo título de Mangold. Em 2008, seriam 12 pilotos e 10 provas, mas duas delas seriam canceladas, e a temporada acabaria com apenas 8 corridas e o primeiro título do austríaco Hannes Arch. Em 2009 teríamos 15 pilotos e 6 provas, e o título ficaria com o britânico Paul Bonhomme. Bonhomme ganharia seu segundo título em 2010, ano que contaria com 15 pilotos e 8 provas, mas, mais uma vez, teve dois cancelamentos, terminando com apenas 6.

Ao final da temporada de 2010, a Red Bull tinha graves preocupações quanto à segurança dos pilotos, ao marketing adequado da prova e aos cancelamentos das corridas; ao final da temporada, ela anunciaria que não seria realizada a temporada de 2011, e que uma comissão seria criada para reavaliar as normas de segurança e mudar pontos importantes do regulamento. As mudanças seriam mais complicadas que o inicialmente previsto, porém, e as temporadas de 2012 e 2013 também seriam suspensas. O Red Bull Air Race World Championship voltaria apenas em 2014, com um calendário de 8 provas e duas classes de competição, a Master, composta pelos melhores pilotos, e a Challenge, composta pelos "iniciantes" - entre aspas porque, para ser convidado a disputar o campeonato, um piloto já deve ser reconhecidamente bom e experiente na aerobática ou em outra forma de acrobacia aérea semelhante. Dependendo de seu desempenho, um piloto da Challenge pode ser "promovido" e passar a integrar a categoria Master, embora hoje isso só aconteça quando um piloto da Master se aposenta. Em 2014, o campeão da categoria Master seria o britânico Nigel Lamb, e o da Challenge seria o francês François Le Vot.

Com as mudanças, a Red Bull conseguiria manter um calendário mais ou menos fixo para 2015, novamente com 8 provas (apenas duas delas diferentes das de 2014); o número de pilotos na Master aumentaria para 14, e na Challenge diminuiria para 7; Bonhomme ganharia seu terceiro título na Master, e o título da Challenge ficaria com o francês Mikaël Brageot. Em 2016, novamente oito provas, apenas uma delas diferente das de 2015, 16 pilotos na categoria Master e 8 na Challenge; o título da Master ficaria com Matthias Dolderer, e o da Challenge com Florian Bergér, ambos pilotos alemães. Em 2017, a categoria Master teria 14 pilotos, a Challenge teria 9, e o calendário contaria mais uma vez com 8 provas; o campeão da Master seria o japonês Yoshihide Muroya, e Bergér conquistaria seu segundo título na Challenge. Para 2018 teremos mais uma vez 8 provas e 14 pilotos na Master, mas 10 na Challenge.

A corrida é disputada da seguinte forma: um por um, cada piloto decola, passa pelo circuito e pousa, com seu tempo sendo contado da hora que ele inicia o circuito até a hora que ele o conclui, com a decolagem, a aproximação, o afastamento e o pouso não contando para o tempo final do piloto. Cada circuito possui entre 5 e 6 km de extensão, mas não em linha reta, com o piloto devendo fazer várias curvas, subidas e descidas para concluí-lo; isso ocorre porque, ao longo do circuito, o piloto deve passar por uma série de portais em uma ordem pré-determinada, que também não estão dispostos um logo após o outro, o que o obriga a ir e voltar - se fôssemos comparar, uma corrida aérea se parece mais com uma prova de hipismo do que com uma de automobilismo, por exemplo. Caso o piloto receba penalidades durante a prova, elas são acrescidas em seu tempo final.

Os portais são demarcados pelos já citados air gates, cones que têm 25 metros de altura, 5 m de diâmetro na base e 75 cm de diâmetro no topo. Um air gate não é uma estrutura única, sendo formado de seis segmentos presos uns aos outros com velcro, o que facilita caso um dos aviões colida com eles - na maior parte das vezes, apenas um ou mais segmentos se soltam, e basta colocá-los no lugar; pode ocorrer, entretanto, que o material do qual os segmentos são feitos se rompa, caso no qual é preciso trocar o segmento ou todo o cone. A manutenção ou troca dos cones durante as provas é feita por uma equipe conhecida como "air gators", e eles são muito, muito rápidos - o recorde de tempo para a troca de um cone completo é de um minuto e meio, estabelecido em 2007. Os cones não são sólidos, e sim ocos, sendo vazados na base e no topo; cada cone fica sobre um poderoso ventilador movido a gasolina, que sopra continuamente para que ele mantenha sua forma. O cone é preso ao ventilador por 12 cabos capazes de aguentar 1.200 kg cada um, e o ventilador é firmemente anexado ao solo ou ancorado ao fundo no caso de a prova ser disputada sobre a água. Toda essa estrutura faz com que o cone, apesar de extremamente leve e frágil, aguente ventos de até 60 km/h sem sair do lugar. Cada cone tem vida útil de aproximadamente 15 corridas, e a organização costuma levar por volta de 30 cones para cada prova.

Existem dois tipos de portais, aqueles compostos por um único cone, que deve ser contornado, e aqueles compostos por dois cones, caso no qual o piloto deve passar no meio; marcações no cone único determinam se ele deve ser contornado pela direita ou pela esquerda, e marcações nos cones duplos determinam se o piloto deve passar com as asas na horizontal ou na vertical - sendo que os que devem ser transpostos na horizontal ficam separados 15 m um do outro, enquanto os que devem ser transpostos na vertical são espaçados 10 m. Cada cone possui também uma linha cheia de cor diferente do restante do cone, devendo o avião passar sempre abaixo do nível dessa linha. Transpor um cone de maneira errada ou acima do nível da linha resulta em 2 segundos de penalidade; atingir um cone, mesmo que ele não se parta, resulta em 3 segundos de penalidade - sendo que um piloto só pode atingir até dois cones por prova, sendo desclassificado se atingir um terceiro.

Os aviões têm uma velocidade máxima a ser respeitada dentro do circuito, acima da qual o voo é considerado inseguro e o piloto é automaticamente desclassificado; hoje, essa velocidade é de 200 nós (370,5 km/h). Cada avião possui também um dispositivo que mede a quantas vezes a força da gravidade (g) o piloto está sendo submetido; passar de 10g por mais de 0,6 segundos contínuos ou alcançar 12g a qualquer momento resultam em desclassificação, pois podem fazer o piloto perder a consciência. Outras causas de desclassificação são voar arriscadamente, voar próximo demais do solo, voar alto demais, voar fora do circuito, desrespeitar as instruções do diretor da prova e ter o avião abaixo do peso mínimo permitido (698 kg) após a prova. Essa última regra existe porque, durante a prova, cada avião é obrigado a soltar fumaça continuamente por sua cauda (não fazê-lo resulta em 1 segundo de penalidade), e alguns pilotos espertinhos aproveitam para soltar lastro junto com a fumaça para deixar o avião mais leve - e, portanto, mais rápido.

Cada corrida é composta por três sessões. A primeira sessão é a de treinamento, na qual os pilotos se familiarizam com o circuito e com a ordem dos portais. A segunda é o qualifying, no qual cada piloto tem direito a duas passagens pelo circuito, com o melhor tempo das duas sendo considerado seu tempo final. O qualifying não é eliminatório, e serve apenas para determinar os pareamentos da primeira rodada da corrida, disputada na terceira e última sessão; nela, os pilotos são pareados dois a dois - o de melhor tempo com o de pior, o segundo melhor com o segundo pior, e assim sucessivamente - com os vencedores (ou seja, o de menor tempo entre os dois, após uma passada pelo circuito de cada um) de cada embate avançando para as semifinais. Mesmo perdendo, é importante fazer um bom tempo, porque, como atualmente o campeonato conta com 14 pilotos, o perdedor de melhor tempo também se classifica para as semifinais junto com os sete vencedores, para um total de oito pilotos. Nas semifinais, esses oito pilotos são mais uma vez pareados dois a dois de acordo com o tempo obtido na primeira rodada, e os quatro vencedores se classificam para a final. Na final, na ordem do pior tempo para o melhor, cada piloto fará uma passagem pelo circuito, e aquele que obtiver o melhor tempo será o vencedor. No total, sem contar o treinamento, mas contando o qualifying, um piloto que chegue à final terá dado cinco voltas no circuito.

Assim como em qualquer campeonato, os pilotos recebem pontos a cada prova, sendo que, atualmente, pontuam os dez primeiros - os quatro primeiros de acordo com seus tempos na final, os quatro seguintes de acordo com seus tempos nas semifinais, e os dois últimos sendo os dois de melhor tempo na primeira rodada que não se classificaram para as semifinais. Ao final da última prova, o piloto com mais pontos é declarado campeão. A ordem de pontuação, do primeiro ao décimo, é de 15, 12, 9, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1.

O Brasil já teve dois pilotos na Red Bull Air Race; o primeiro deles foi Adilson Kindlemann, que disputou a temporada de 2010, e entrou para a história por ser, até hoje, o único piloto a cair com seu avião em uma prova do Red Bull Air Race World Championship, durante a segunda prova do ano, na Austrália - felizmente, ele nada sofreu, embora não tenha mais sido convidado para disputar o campeonato desde então. O acidente de Kindlemann seria um dos fatores determinantes para que a Red Bull decidisse cancelar a temporada de 2011 e criar novas regras de segurança para os pilotos.

O outro piloto brasileiro foi Francis Barros, que disputou a categoria Challenge em 2015, terminando com 6 pontos na sétima e última posição, e em 2016, quando disputou apenas as três primeiras provas do campeonato e terminou mais uma vez em último, com 2 pontos. O Brasil também já sediou duas etapas do campeonato, em 2007 e 2010, ambas no Rio de Janeiro e disputadas na Enseada de Botafogo. A lista completa de países que já sediaram etapas da Red Bull Air Race é: Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Irlanda, Japão, Malásia, México, Polônia, Portugal, Rússia, Suécia, Suíça e Turquia. Uma prova na França está prevista para 2018.

Os aviões usados são do mesmo tipo próprio para a aerobática, têm 7,6 m de envergadura e velocidade máxima entre 406 e 426 km/h. Em 2018, 13 dos 14 pilotos da categoria Master e todos os da Challenge vão usar o mesmo tipo de avião, o Zivko Edge 540; apenas Brageot vai voar com um MX Aircraft MXS-R. Entre 2014 e 2017, entretanto, os pilotos da categoria Challenge usavam o Extra 330LX; a mudança foi feita para que os pilotos da Challenge já cheguem na Master habituados ao mesmo tipo de avião, algo que se mostrava uma dificuldade para eles no passado.

A corrida aérea não é considerada pela FAI como um esporte em separado, e sim como uma modalidade da aviação geral. "Mas que nome estranho para um esporte", vocês devem estar pensando, ao que eu respondo que "aviação geral", na verdade, não é o nome de um esporte, e sim o nome de uma subdivisão da FAI - a Comissão de Aviação Geral - que cuida de todas as atividades praticadas no planeta que envolvam aviões, exceto a aviação comercial - ou seja, que não envolvem transporte de passageiros nem de carga. A Comissão de Aviação Geral foi a primeira comissão criada pela FAI, e, por ser a principal da entidade, acabou emprestando seu nome para as atividades esportivas que envolvam aviões.

A Comissão de Aviação Geral é responsável não somente por organizar competições esportivas, mas também por registrar recordes que envolvam aviões - como o de distância em voo sem reabastecimento (41.467,53 km, obtido em 2006), maior velocidade já alcançada em voo (3.529,56 km/h, obtido, pasmem, em 1976) e maior altitude alcançada (37.650 m, obtido em 1977), dentre outros. O primeiro recorde registrado pela FAI, aliás, foi o primeiro possível: 220 metros de distância em voo, obtido por Santos Dumont em 1906. A Comissão também confere medalhas de ouro, prata e bronze a pilotos que consigam proezas no ar, dependendo do feito alcançado - em 1937, por exemplo, a neozelandesa Jean Batten, de 27 anos, voou sozinha da Inglaterra à Nova Zelândia, feito tão impressionante que lhe rendeu uma medalha de ouro, transformando-a na primeira mulher a receber tal honraria.

Além da corrida aérea, a FAI reconhece outras três competições esportivas da aviação geral. A primeira delas é a corrida de navegação, também conhecida como ANR, sigla para Air Navigation Race. Na ANR são usados aviões de dois lugares, sendo que um dos ocupantes será o piloto e o outro o navegador. Antes de a competição começar, cada dupla recebe um mapa do percurso que terá de ser percorrido, e tem 30 minutos para estudá-lo, planejar o melhor curso, decolar e começar o percurso, perdendo pontos se estourar esse tempo. Cada percurso é um "corredor" cheio de curvas, dentro do qual o avião deve se manter do início até o fim, perdendo pontos se sair do traçado - antigamente, o traçado era demarcado por bandeirinhas, e observadores em terra determinavam se o avião havia se desviado ou não; hoje, graças à tecnologia, é usado um GPS, que determina com precisão cirúrgica se o avião está ou não dentro do traçado. A tecnologia também ajudou na elaboração do próprio percurso, já que, hoje, é possível se traçar até quatro percursos diferentes com o exato mesmo grau de dificuldade e distância a ser percorrida, o que possibilita que até quatro aviões estejam competindo simultaneamente, diminuindo o tempo total de competição.

A escolha do modelo de avião a ser usado é livre e pertence ao piloto; para que um piloto não seja beneficiado por escolher um avião mais veloz que os demais, todos os aviões devem manter uma velocidade máxima de 80 nós (148 km/h) dentro do percurso, sendo penalizados se a ultrapassarem. Diferentemente do que se possa imaginar, o importante não é terminar o percurso no menor tempo possível, e sim dentro de um tempo pré-determinado pela organização - cada segundo ou fração além desse tempo gera uma penalidade, sendo o tempo exato só usado no caso de ser necessário um desempate. A FAI também determina que os aviões devem voar a exatos 300 m do solo quando dentro do percurso, mais uma vez sendo penalizados se voarem mais alto ou mais baixo que isso, embora essa altitude possa ser alterada para uma competição específica, por razões de segurança, a critério da organização. Finalmente, os aviões possuem uma zona de decolagem e uma zona de pouso próprias, com os trajetos que devem cumprir da zona de decolagem até o início do percurso e do final do percurso até a zona de pouso sendo determinados pela organização e obrigatórios - um avião que desrespeite esses trajetos não é simplesmente penalizado, e sim desclassificado, visto que pode arriscar a segurança dos demais.

Mesmo com os quatro percursos sendo usados, a ANR é disputada em baterias eliminatórias de dois aviões cada. Em outras palavras, os aviões são pareados dois a dois, e, a cada confronto, aquele que tiver a menor pontuação passa para a fase seguinte e o outro é eliminado da competição. Sim, a menor pontuação, e não a maior, já que todas as penalidades somam pontos, ao invés de subtrair. Na maioria dos torneios, quando só restam dois aviões, eles disputam a medalha de ouro, enquanto os perdedores das semifinais disputam o bronze; com o advento dos quatro percursos simultâneos, porém, os principais torneios internacionais, como o Campeonato Mundial, já estão colocando os quatro vencedores das quartas de final para competirem juntos, valendo as três medalhas - e muita frustração para quem terminar em quarto lugar.

A segunda competição esportiva reconhecida pela FAI é a da precisão de pouso, ou AL, de accuracy landing. Nela, os aviões decolam de uma área pré-determinada, e, ao chegar em um local previamente combinado, devem pousar. A área de pouso válida é uma faixa de 12 metros de largura e 72 metros de comprimento, sendo que o avião deve tocar o solo já nessa faixa, se manter dentro dela durante todo o pouso, e parar completamente de se mover antes de seu final, ou será penalizado. Diferentemente da ANR, não há baterias eliminatórias; todos competem, e, ao final, quele que tiver recebido menos penalidades será o vencedor.

Em cada competição de AL, cada avião faz dois pousos. O primeiro é o chamado "pouso normal": um marcador, normalmente uma coluna de 2 m de altura, é posicionado a 50 m do início da área de pouso; ao avistar o marcador, o piloto deve começar a fazer a descida, podendo usar o motor, flaps e spoilers normalmente. No segundo, chamado "pouso forçado", ao avistar o marcador, o piloto deve desligar completamente o motor, e não poderá mais usá-lo, devendo corrigir a trajetória do avião apenas com os flaps, spoilers e com um movimento lateral chamado sideslip. Em ambos os pousos, penalidades são aplicadas por começar o pouso muito antes ou muito depois do marcador, e, no forçado, por desligar o motor muito depois do marcador ou por religar o motor após desligá-lo. Obstáculos produzidos pela organização que simulam árvores, pedras e outras estruturas altas (mas bem mais maleáveis, para não danificar o avião caso este os toque) também estão presentes entre o marcador e a área de pouso, rendendo penalidades aos aviões que os tocarem.

A terceira competição é a de rally ou overall, que nada mais é que a combinação da ANR com a AL. Na competição de rally, após cumprir o percurso da ANR, cada avião deve realizar um pouso normal de acordo com as regras da AL, com as penalidades obtidas no pouso também sendo somadas à sua nota final. A escolha do nome não é apenas um critério da organização: em uma competição de rally, assim como em uma competição de AL, todos os aviões fazem o percurso e pousam um por um, e aquele com a menor pontuação depois que todos tenham pousado será o vencedor; já a competição de overall começa com uma prova de ANR normal, com baterias eliminatórias, e, quando sobra apenas um determinado número de aviões (normalmente dez), a prova passa para as regras do rally. Provas de rally ou overall também podem ser realizadas por equipes, sendo que, nesse caso, são usados os resultados das provas separadas, com as pontuações finais dos dois melhores aviões de cada país sendo somadas para se determinar o campeão por equipes.

O Campeonato Mundial de Rally Aéreo foi disputado pela primeira vez em 1974, inicialmente em intervalos irregulares, mas a cada dois anos desde 2004, sempre com a prova "individual" (sendo que esse nome deve dizer respeito ao avião, já que cada avião tem dois ocupantes) e a por equipes; em teoria, as provas são mistas, mas, até hoje, apenas homens participaram do Mundial, tanto como pilotos quanto como navegadores. O rally também esteve presente nas duas primeiras edições dos Jogos Aéreos Mundiais, em 1997 e 2001, mas, desde 2009, nessa competição são disputadas as provas de ANR, AL e overall.

Para terminar os esportes aéreos só falta falar dos esportes a rotor, que são aqueles disputados não por aviões, mas por helicópteros. A FAI reconhece três modalidades dos esportes a rotor, que são até um pouquinho parecidas com a corrida aérea, por isso eu resolvi deixar para falar delas aqui também.

A primeira modalidade é a do slalom paralelo, sendo que o "paralelo" vem do fato de que dois helicópteros competem ao mesmo tempo, um contra o outro, em dois circuitos paralelos idênticos. O "slalom" vem do fato de que é preciso passar por portais ao longo desse circuito, como, por exemplo, em uma prova de slalom do esqui alpino, mas, no caso dos helicópteros, há uma pegadinha: não é o helicóptero que deve passar pelos portais, e sim um balde cheio d'água amarrado a uma corda de 11 metros de comprimento, que não é presa ao helicóptero, mas fica nas mãos do co-piloto, que viaja sentado ao lado do piloto. Como o piloto não consegue ver nem o balde nem a corda - ou, pelo menos, não os consegue ver e pilotar ao mesmo tempo - é função do co-piloto instruí-lo para que o balde passe corretamente pelos portais. Os portais são bem parecidos com os de uma prova de esqui: duas varetas de 2 m de altura cada com um espaço de 2 m entre elas.

Para que a coisa não fique muito fácil, o circuito, assim como o da corrida aérea, não é linear, o que faz com que o helicóptero tenha que ir e voltar várias vezes para cumprir todos os portais na ordem pré-estabelecida. E, como aparentemente quem inventou o esporte achou que ainda não estava difícil o suficiente, alguns portais possuem "alturas máximas" na qual o helicóptero deve estar do topo do portal quando o balde passar por ele, que variam entre 5 e 11 metros - sendo que, nesses portais, o co-piloto deve enrolar ou desenrolar a corda para que o balde não toque no chão nem passe alto demais. Ao final do circuito, cada helicóptero deve pousar seu balde em um alvo de 30 cm de diâmetro, posicionado sobre uma mesa quadrada de 1 metro de lado e 1 metro de altura. Mais do que a habilidade de pilotagem ou a destreza no manejo da corda, o componente essencial do slalom paralelo é a boa comunicação entre piloto e co-piloto.

Cada helicóptero tem um tempo-limite de 2 minutos e 15 segundos para completar o circuito, que começa a contar quando ele enche o balde em um tonel e se interrompe quando o balde é pousado sobre a mesa. Penalidades são atribuídas por cada segundo ou fração acima do tempo-limite, por falhar em passar por um dos portais, por passar por um dos portais na altura incorreta, por derrubar mais que a metade da água do balde, e por pousar o balde fora do alvo no final do circuito. É importante notar que, caso um helicóptero falhe em um dos portais, pode retornar e tentar novamente quantas vezes quiser, mas, às vezes, compensa mais receber a penalidade por falha no portal do que estourar o tempo - principalmente porque um helicóptero é desclassificado caso seu tempo exceda os 4 minutos. Outras causas de desclassificação são voo arriscado, atrapalhar o oponente, tocar o balde no chão e não obedecer as instruções do diretor de prova.

A segunda modalidade é a do fênder paralelo. Um fênder é um cilindro de lona cheio de areia com dois anteparos de plástico, um em cada base, que costuma ser preso às laterais de barcos para atuar como pára-choques, evitando que o barco se danifique ao encostar em alguma coisa. A prova do fênder paralelo é semelhante à do slalom paralelo, mas, ao invés de um balde, na ponta da corda há um fênder, que deve ser manuseado com precisão pelo co-piloto.

Cada helicóptero tem um tempo-limite de 60 segundos para concluir a prova, que começa quando um dos juízes agita uma bandeira, ao perceber que ambos os helicópteros estão em posição - mais uma vez, o "paralelo" do nome demonstra que ambos realizarão a prova simultaneamente, em dois circuitos idênticos. Cada circuito é composto de três portais e três recipientes; os portais são idênticos aos do slalom, enquanto os recipientes são cilindros vazados de um metro de altura e 50 cm de diâmetro. Diferentemente do slalom, o circuito no fênder paralelo é linear; o objetivo é passar pelo primeiro portal, colocar o fênder dentro do primeiro recipiente, retirá-lo, passar pelo segundo portal, colocar o fênder dentro do segundo recipiente, retirá-lo, passar pelo terceiro portal e colocar o fênder dentro do terceiro recipiente - quando o cronômetro será interrompido. Assim como o balde, o piloto não vê o fênder, dependendo das instruções do co-piloto para posicioná-lo corretamente. A corda no fênder paralelo tem 8 metros de comprimento, e cada um dos recipientes tem uma altura própria para que o fênder seja encaixado no recipiente - 4, 6 e 8 metros, respectivamente - com a corda devendo ser ajustada adequadamente pelo co-piloto.

O tempo que cada helicóptero levou para completar o percurso so é considerado em caso de empate. Penalidades são atribuídas por cada segundo ou fração acima do tempo limite, por falhar em passar por um portal, por falhar em colocar o fênder dentro de um recipiente, por tocar o fênder no chão, por tocar o fênder nas paredes do recipiente e por usar a altura incorreta da corda. Assim como no slalom, cada helicóptero pode tentar passar por um portal ou encaixar o fênder corretamente dentro de um recipiente quantas vezes quiser, mas será desclassificado se levar mais de 2 minutos para concluir o circuito, então às vezes é melhor aceitar a penalidade. Assim como no slalom, um helicóptero pode ser desclassificado por voo arriscado, atrapalhar o oponente ou não obedecer as instruções do diretor de prova.

Sendo provas paralelas, as competições de slalom e de fênder sempre são disputadas de forma eliminatória: os helicópteros são pareados dois a dois, e, dos dois, quem tiver menos penalidades avança para a próxima fase, com o outro sendo eliminado. Quando só restam dois, aquele com menos penalidades será o campeão; os perdedores das semifinais disputam a medalha de bronze.

A terceira modalidade é a do overall, que, como vocês já devem ter imaginado, combina as duas anteriores. Primeiro é realizada uma prova normal de slalom paralelo, e depois uma prova normal de fênder paralelo. Os helicópteros ganham pontos de acordo com sua colocação final em cada prova, que são então somados - um ponto para o campeão, dois para o segundo lugar, e assim por diante - sendo campeão do overall aquele que somar menos pontos ao final das duas provas.

A principal competição dos esportes a rotor é o Campeonato Mundial de Esportes a Rotor, disputado pela primeira vez em 1971, primeiro a intervalos irregulares, mas desde 1984 a cada três anos. Os esportes a rotor fizeram sua estreia nos Jogos Aéreos Mundiais na edição de 2015, mas, por enquanto, a principal competição da FAI conta apenas com a prova do overall.
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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Escrito por em 26.2.18 com 0 comentários

Esportes Aéreos (II)

Eu não pretendia retornar aos esportes aéreos tão cedo, mas acabei tendo um erro de planejamento. Como quem acompanha o átomo deve ter ficado sabendo, eu aproveitei que o Natal e o Ano Novo caíram em segundas-feiras, e que na segunda seguinte eu estaria viajando, para tirar umas "férias" de três semanas sem escrever posts. O último que eu escrevi antes dessa parada foi o que postei semana passada, sobre Joe & Mac. Acontece que eu não deixei nenhum assunto reservado para escrever quando voltasse, no estilo "quando chegar a hora a gente vê". Por causa disso, essa semana, para manter a frente confortável, eu já tenho que escrever um post - e não faço a menor ideia de qual será seu assunto. Felizmente, eu tinha escrito aquele sobre os esportes aéreos no qual não abordei todos, então, por falta de assunto melhor, hoje, mais uma vez, é dia de esportes aéreos no átomo!

Recapitulando, "esportes aéreos" é um termo genérico usado para se referir a 13 esportes regulados pela FAI, a Federação Aeronáutica Internacional - sendo que esses 13 não são todos os esportes aéreos que existem. Aqui no átomo, eu já falei sobre cinco deles, um no segundo post sobre esportes de demonstração das Olimpíadas, quatro no post anterior sobre esportes aéreos. Hoje, eu vou falar sobre mais seis; os dois que ficarão faltando eu abordarei em breve.

Vamos começar pela construção amadora de aeronaves, que, a bem da verdade, não é exatamente um esporte, e sim uma espécie de hobby, que consiste em montar seu próprio avião. A FAI estimula a produção amadora de aviões, inclusive enviando fiscais para supervisionar seu primeiro voo - porque a construção só é considerada válida se o avião voar. Uma aeronave é considerada amadora se pelo menos 51% de sua montagem for feita de forma manual e fora dos limites de uma fábrica de aeronaves; essa percentagem foi estipulada porque algumas peças, como o motor, podem ser adquiridas já prontas, sem ser preciso montá-las do zero. Pelas regras da FAI, as aeronaves elegíveis para construção amadora podem ser aviões, planadores, ultraleves, helicópteros, giroplanos, ornitópteros e balões.

A construção amadora pode ser de três tipos: na restauração é remontada uma aeronave antiga, ou é montada uma réplica de uma aeronave antiga, que já existiu e já foi produzida em escala industrial. Já na construção experimental o projeto da aeronave também é criado pelos construtores, sendo essa uma categoria normalmente voltada para a inovação - aeronaves não-tripuladas, movidas a energia solar, com designs revolucionários e outros projetos do tipo se enquadram aqui. A terceira categoria é a das aeronaves de propulsão humana, que conta com ornitópteros e helicópteros que decolam e se mantêm no ar por puro esforço de seus pilotos, sem a ajuda de nenhum combustível - normalmente através de pedais.

Existem campeonatos de construção amadora, nos quais jurados avaliam cada projeto de acordo com os seguintes critérios: qualidade e dificuldade da construção, impacto ambiental, economia da construção e operação, inovação (apenas para aeronaves experimentais), fidelidade ao design original (apenas para a construção de réplicas) e qualidade da documentação associada (apenas para restauração). Esses campeonatos não costumam ter periodicidade fixa, acontecendo normalmente junto a mostras e exposições. Nos Jogos Aéreos Mundiais de 2015 ocorreu uma demonstração desse esporte, com três eventos: no principal, um grupo iria montar girocóptero Magny no decorrer dos Jogos, com plateia, começando do zero e tendo o desafio de fazê-lo voar no último dia de competição; no segundo, um Cherry BX-2, considerado uma das melhores aeronaves de construção amadora, seria exposto ao público, com direito a voo de exibição; e, no terceiro, estudantes poderiam montar e pintar aeromodelos pré-fabricados, colocando-os para voar no último dia de competição.

Falando nisso, vamos passar ao aeromodelismo. Assim como a construção de aeronaves, o aeromodelismo é um hobby, que consiste em comprar ou montar um avião em miniatura, e então colocá-lo para voar e controlá-lo remotamente durante o voo. Os primeiros aeromodelos foram criados antes mesmo dos primeiros aviões, mas o hobby começaria a se popularizar na década de 1970, com as primeiras competições esportivas surgindo quase que simultaneamente. Hoje, existem milhares de clubes de aeromodelismo espalhados pelo mundo, com seus membros se encontrando regularmente para expor e voar com seus modelos; além disso, muitas fabricantes de aviões usam aeromodelos para testes quando desejam lançar um avião novo ou fazer alguma alteração nos antigos, submetendo os aeromodelos a túneis de vento e a diversas situações de voo em escala para observar como o avião se comportaria em uma situação real semelhante.

Aeromodelos podem representar qualquer tipo de avião, desde aviões de combate, passando por aviões de passageiros e até mesmo aeronaves experimentais. Alguns modelos são reproduções fiéis de aeronaves existentes, outros são feitos ao gosto do freguês, sem equivaler a qualquer avião real. Quanto ao material, podem ser feitos de plástico, madeira, metal, ou de materiais como fibra de vidro e fibra de carbono. Alguns possuem motor elétrico, mas a maioria funciona a gasolina, álcool ou diesel; outros métodos de propulsão mais exóticos são gás comprimido, combustível de foguetes, e o chamado motor elástico, no qual um elástico é enrolado ao redor do motor antes do voo, e o aeromodelo voa enquanto ele desenrola sozinho e faz o motor funcionar. Existem também aeromodelos de planadores, sem qualquer tipo de propulsão, que se mantêm no ar apenas planando, precisando de ajuda externa para decolar.

Existem três tipos de aeromodelos. Os mais comuns são os de controle remoto (identificados pela sigla RC, de radio controlled, ou, em competições da FAI, pela sigla F3), que possuem um pequeno receptor, que recebe sinais de um transmissor que fica nas mãos do "piloto"; através de botões e alavancas, o piloto consegue controlar a altitude, a velocidade e a direção do aeromodelo durante o voo. O segundo tipo mais comum é o de controle por linha (CL, de control line, ou F2), que é controlado através de dois cabos de vários metros de comprimento, cada um segurado por uma das mãos do piloto, sendo que um deles controla a altitude e o outro controla a direção; a decolagem e o pouso são feitos mais ou menos como se o aeromodelo fosse uma pipa, e a velocidade é constante, não podendo ser alterada. O tipo menos comum de aeromodelo é o de voo livre (FF, de free flight, ou F1), que simplesmente não pode ser controlado; uma vez que ele levante voo, voará em linha reta até acabar seu método de propulsão, quando planará e pousará. A FAI também reserva a sigla F5 para aeromodelos de motor elétrico, que têm provas só para eles.

A FAI sanciona seis tipos de prova de aeromodelismo. Nas provas de aerobática, cada aeromodelo faz uma apresentação acrobática ao som de música, que será avaliada por um painel de três jurados, levando em conta a dificuldade e precisão das manobras, o sincronismo com a música e o melhor uso do espaço disponível. Provas de aerobática de aeromodelismo normalmente são realizadas em ambientes fechados (indoor), como ginásios, para melhor visualização do público, o que também torna a prova mais desafiante para o piloto, pois ele terá menos espaço para cometer erros; dependendo do evento, a prova pode ser realizada ao ar livre (outdoor), nesse caso, a área de exibição será um cubo imaginário, como na aerobática de aviões. Uma prova completa de aerobática de aeromodelismo consiste de quatro apresentações, com duas rotinas e duas músicas diferentes - ou seja, cada piloto apresenta cada rotina duas vezes; as duas primeiras apresentações são feitas com a mesma rotina e a mesma música, e, após serem somadas as notas, os mais bem classificados avançam para a final, que consiste em mais duas apresentações, normalmente ambas com a mesma rotina e a mesma música. Para se determinar o vencedor, são levadas em conta apenas as duas apresentações da final.

Semelhante à aerobática é a prova do estilo livre; nela, cada piloto escolhe uma série de acrobacias permitidas pela FAI e monta uma rotina de até quatro minutos, que será apresentada e julgada. A prova do estilo livre não é realizada ao som de música, e normalmente conta com duas etapas, com os melhores da primeira etapa competindo na segunda. Algumas competições misturam estilo livre e aerobática, com duas apresentações de cada; os melhores na soma das notas das duas apresentações de estilo livre competem nas duas apresentações de aerobática.

O terceiro tipo de prova é a do combate, na qual cada aeromodelo carrega uma faixa de papel presa à sua traseira, e o objetivo é arrancar o papel do oponente. Os competidores são pareados dois a dois, e cada embate dura dois ou mais "sets" de quatro minutos cada. Cada vez que um piloto consegue arrancar o papel do oponente, ele ganha um ponto, e, a cada 30 segundos que ele passa no solo (afinal, ele precisa pousar para recolocar o papel), ele perde um ponto; cometer faltas, como sair da área de competição e colocar os outros competidores ou espectadores em risco, também resulta em perda de pontos. Ao final de cada set, o piloto com menos pontos "perde uma vida"; caso ambos estejam empatados, ninguém perde. O primeiro piloto a perder duas vidas perde também o embate - por isso o mínimo de sets é dois, mas não há máximo, já que pode haver muitos empates. Os perdedores vão sendo eliminados da competição e os vencedores avançando, até que só reste o campeão - com os perdedores das semifinais se enfrentando pela medalha de bronze, se houver uma em disputa. Cada piloto conta com dois "mecânicos" para auxiliá-lo cada vez que o aeromodelo pousa, e com um aeromodelo reserva caso o titular fique avariado durante o combate; um piloto cujos dois aeromodelos forem avariados é automaticamente desclassificado, mas, caso se determine que as avarias foram provocadas propositalmente pelo adversário, este é que será desclassificado.

A prova mais simples e mais antiga é a do soaring, que se divide em três tipos: na prova da distância, cada aeromodelo tem quatro minutos para percorrer a maior distância possível dentro de um circuito de 150 m de extensão; na prova da velocidade, cada aeromodelo deve dar quatro voltas no circuito no menor tempo possível; e, na prova da duração, cada aeromodelo voa por exatamente 10 minutos dentro do circuito, devendo, ao final do tempo, pousar o mais próximo possível de um ponto pré-determinado, somando pontos não só pela precisão do pouso, mas também pela habilidade do piloto em manter o aeromodelo dentro dos limites do circuito, em velocidade constante e com toque suave; existe, ainda, a prova do multitask, na qual cada aeromodelo compete na distância, na duração e na velocidade, e seu desempenho em cada uma dessas provas é convertido em pontos que são somados para se determinar o vencedor. O soaring também conta com uma prova exclusiva para planadores, a do slope, realizada sobre um declive (slope, em inglês, é "ladeira", e planar sobre o declive permite que o planador voe por mais tempo), e na qual o objetivo é completar dez vezes a distância de 100 m (totalizando 1 km) no menor tempo possível.

Falando em planadores, há uma prova exclusiva para eles, conhecida apenas como planadores; nela, a organização escolhe, de uma lista aprovada pela FAI, um determinado número de tarefas (por exemplo, chegar do ponto A ao ponto B no menor tempo possível). Os planadores recebem pontos por seu desempenho em cada uma das tarefas, e aquele com mais pontos ao final da última é declarado vencedor.

Por fim, temos a prova da corrida, na qual cada aeromodelo deve cumprir dez voltas em um circuito de 400 metros, passando pelo lado correto de três postes de marcação, no menor tempo possível. Os aeromodelos passam pelo circuito um por vez, com seus tempos sendo registrados e comparados para se determinar o vencedor. Cada campeonato conta com uma etapa de classificação, semifinais e uma final; na etapa de classificação, são disputadas entre cinco e dez provas, com, em cada uma delas, cada aeromodelo recebendo pontos de acordo com sua classificação por tempo: o de menor tempo recebe 4 pontos, o segundo 3, o terceiro 2, e o quarto 1, com os demais não recebendo pontos - e todos os que não consigam completar o circuito, ou que incorram em faltas como passar pelo lado incorreto do poste, também não marcando pontos, independentemente de seu tempo. Ao final da última prova da etapa de classificação, os oito pilotos com o maior número de pontos passam para as semifinais, que consistem de mais duas provas com o mesmo esquema. Os quatro com mais pontos nas semifinais - sem contar os pontos da classificação - fazem a final, uma prova única, na qual eles serão ranqueados de 1 a 4 puramente por seus tempos, com o número 1 ganhando a medalha de ouro. Tanto na etapa de classificação quanto nas semifinais, caso haja empate por pontos, o desempate é feito pelo menor tempo registrado por cada aeromodelo.

O mais antigo campeonato mundial do aeromodelismo é o Campenato Mundial de Aeromodelismo Voo Livre, realizado pela primeira vez em 1911, e que conta com uma prova de distância. O segundo, disputado desde 1948, é o Campeonato Mundial de F2 (controle por linha), que conta com provas de velocidade, aerobática, combate e corrida. A FAI também organiza, anualmente, o Campeonato Mundial de Aerobática F3 (controle remoto), o Campeonato Mundial de Aerobática Indoor F3, o Campeonato Mundial de Aerobática F3 para Modelos Grandes, o Campeonato Mundial de Soaring Multitask F3, o Campeonato Mundial de Corrida F3, o Campeonato Mundial de Corrida F5, o Campeonato Mundial de Soaring F5, o Campeonato Mundial de Slope, o Campeonato Mundial de Duração (somente para planadores), o Campeonato Mundial de Planadores, e a Copa do Mundo de Helicópteros F3 (com provas de aerobática e estilo livre); a cada dois anos, é realizado também o Campeonato Mundial de Soaring Multitask F5. O aeromodelismo também faz parte dos Jogos Aéreos Mundiais desde a primeira edição, em 1997; atualmente, são disputadas nos Jogos as provas de Aerobática Indoor F3, Corrida F3, Estilo Livre Helicópteros F3 e Combate F2.

O mais recente dos esportes da FAI era, até 2015, uma categoria do aeromodelismo. Trata-se dos drones, que, a rigor, são aeromodelos de quadricópteros controlados remotamente, mas, devido a algumas características próprias, como a presença de uma câmera montada em sua frente através da qual o piloto pode ver o que o drone "vê", a FAI decidiu separá-los dos demais aeromodelos - ela ainda usa, porém, um código do aeromodelismo para se referir às provas disputadas por drones, o F3U.

As provas de drones são de corrida, mas bastante diferentes das do aeromodelismo. Para começar, os drones não passam pelo circuito um a um, mas quatro de cada vez. Além disso, os circuitos costumam ser montados em locais fechados, como ginásios, e são extremamente elaborados, com curvas fechadas, obstáculos pelos quais os drones devem passar por cima ou por baixo, rampas, buracos e outros elementos que dependem do grau de dificuldade e da extensão do percurso. Finalmente, diferentemente de uma prova de aeromodelismo, na qual o piloto vê o aeromodelo todo o tempo, nas provas de drones o piloto deve se guiar pelas imagens geradas pela câmera do drone, ficando o mesmo a maior parte do tempo fora de seu campo de visão. Os drones costumam ter luzes em neon que deixam um rastro que torna mais fácil para os espectadores acompanhá-los no circuito.

Um campeonato de drones é composto de várias fases; na primeira, são disputadas várias corridas de uma ou mais voltas ao redor do circuito, e, ao final de cada uma, podem ser adotados dois métodos: ou cada drone recebe uma pontuação de acordo com a posição na qual terminou, com os de maior pontuação avançando para a próxima fase (nesse caso, com os mesmos drones tendo de disputar múltiplas corridas por fase), ou, ao final de cada corrida, o primeiro ou os dois primeiros drones avançam de fase, com os demais sendo eliminados (caso no qual cada drone só disputará uma corrida por fase). Seja qual for o método adotado, a final é disputada em uma única corrida, com o drone que chegar em primeiro sendo o vencedor.

A maior parte dos campeonatos internacionais de drones hoje não é organizada pela FAI, e sim por organizações particulares como a MultiGP e a Drone Racing League (DRL). O principal campeonato da FAI é o Campeonato Mundial de Corrida de Drones, que, de 2010 a 2015, foi considerado mais um dos mundiais de aeromodelismo. Os drones ainda não estrearam nos Jogos Aéreos Mundiais.

O quarto esporte que veremos hoje é a asa delta. As primeiras asas delta foram criadas na China, no século VI, e eram pouco mais do que pipas grandes o suficiente para aguentar o peso de uma pessoa, sendo extremamente perigosas devido à falta de controle do praticante sobre sua direção ou altitude. Durante anos, praticantes e entusiastas tentaram torná-las mais seguras, mas somente no final do século XIX avanços tecnológicos e científicos, especialmente no tocante à compreensão de como os pássaros conseguem voar, possibilitariam a construção de asas delta seguras e controláveis. Um dos mais bem sucedidos pioneiros nessa área seria o alemão Otto Lilienthal, considerado por muitos como o inventor da asa delta; suas anotações sobre seus protótipos e seus voos seriam usados durante anos por aqueles que desejavam modernizar esse esporte - dentre eles, podemos destacar o francês Jan Lavezzari, que, em 1904, criou a primeira asa delta triangular (e que levou esse nome porque a letra delta, do alfabeto grego, tem o formato de um triângulo), inspirado pelo formato da vela de um navio, e os norte-americanos Octave Chanute, que em 1909 criou a armação de alumínio, e Carl S. Bates, que, em 1910, escreveu um artigo sobre a construção de asas delta que é referência até hoje.

Em 1948, o casal de engenheiros norte-americanos Francis e Gertrude Rogallo patentearam um modelo de asa flexível conhecido como Rogallo Wing, o qual a NASA começou a testar como modo de aperfeiçoar o controle das cápsulas espaciais durante a reentrada; na década de 1960, um grupo de praticantes de asa delta norte-americanos, liderados por Barry Hill Palmer, Mike Burns e John W. Dickenson, começaria a adaptar a Rogallo Wing para a armação das asas delta existentes até então. Dickenson, que na verdade buscava criar um modelo que pudesse ser usado em conjunto com o esqui aquático, acabaria criando, em 1963, o desenho que é usado até hoje, sendo considerado pela FAI como o inventor da asa delta moderna. Mas a asa delta como esporte só começaria a se popularizar na década de 1980, quando a descoberta de novos materiais e novas técnicas de fabricação permitiriam um barateamento das asas delta, tornando-as mais acessíveis, e uma maior durabilidade, segurança e carga máxima, o que popularizaria os voos duplos, com um aluno e um instrutor compartilhando a mesma asa delta.

Atualmente, existem dois modelos de asa delta, a rígida e a flexível, sendo que a flexível altera sua forma conforme o piloto altera seu centro de gravidade, enquanto a rígida possui spoilers controlados pelo piloto que auxiliam nas mudanças de direção. Campeonatos e recordes costumam ser separados para cada um dos tipos, pois a asa rígida costuma alcançar maior distância perdendo menos altitude, enquanto a flexível obtém maior velocidade. Em competições da FAI, as asas delta são divididas em três classes, com as flexíveis pertencendo à Classe 1 e as rígidas pertencendo à Classe 5; a terceira classe é a Classe 2, também de asas do tipo rígido, mas nas quais, ao invés de pilotar deitado segurando a armação, o piloto vai sentado em uma carenagem, que possui rodinhas usadas na decolagem e no pouso. Uma asa delta possui entre 13 e 21 m2 de área, envergadura entre 8,2 e 10,7 m, e pesa entre 20 e 28 kg. Asas rígidas podem alcançar até 130 km/h, enquanto as flexíveis alcançam até 145 km/h; uma asa rígida perde um metro de altitude para cada 20 percorridos, enquanto uma flexível perde um para cada 17 m.

O método mais usual de decolagem para uma asa delta é se jogar de um penhasco; outras formas incluem ser puxada por um barco e empinada como uma pipa, ou subir até uma grande altitude com um balão e pular lá de cima. Em campeonatos da FAI, o método preferencial é o aerotow, no qual a asa delta é puxada por um ultraleve até alcançar determinada altitude, quando o cabo se solta e a prova começa; para quebras de recorde, o método preferido dos praticantes é o do balão, já que, quanto maior a altitude, maior a distância e velocidade alcançadas antes de se precisar pousar. Falando nisso, a FAI sanciona quebras de recorde em diversas categorias; o recorde atual de distância percorrida em um único voo é de 764 km, obtido em 2012; o de maior ganho de altitude é de 3.970 m, obtido em 1992; e o de salto de maior altitude (com ajuda de um balão) é de 11.826,24 m, obtido em 1994.

Os primeiros campeonatos de asa delta foram no estilo "quem chegar mais longe ganha"; hoje, as provas possuem um circuito que os pilotos precisam cumprir, passando por de dois a quatro pontos de checagem. A asa delta possui campeonatos em separado para cada classe; o mais antigo realizado pela FAI é o Campeonato Mundial de Asa Delta Classe 1, que tem apenas provas masculinas da Classe 1, foi disputado pela primeira vez em 1976, e, desde 1999, é disputado a cada dois anos - a mais recente edição, ano passado, foi realizada em Brasília. Já o Campeonato Mundial de Asa Delta Classe 2, também exclusivamente masculino, é disputado a cada dois anos desde 1979. As mulheres e a Classe 5 só passaram a ter seu mundial em 2006, o Campeonato Mundial de Asa Delta Rígida e Feminina, que contou com provas de Classe 1 feminina, Classe 2 feminina e Classe 5 masculina e feminina; em 2007, ele foi desmembrado no Campeonato Mundial de Asa Delta Classe 5, com apenas as provas masculinas, e o Campeonato Mundial de Asa Delta Feminina, com as provas femininas das três classes, com ambos tendo sido disputados a cada dois anos desde então - em outras palavras, a cada ano ímpar temos quatro Campeonatos Mundiais de Asa Delta em quatro sedes diferentes, um de Classe 1 masculina, um de Classe 2 masculina, um de Classe 5 masculina e um para as três classes no feminino. A asa delta também fez parte, entre 1997 e 2009, dos Jogos Aéreos Mundiais, nos quais foram disputadas apenas provas de Classe 1 masculina.

Vamos passar agora para o balonismo. O balão é o mais antigo tipo de aeronave tripulada inventado pelo homem. Estima-se que os primeiros balões de ar quente tenham sido inventados na China, entre os anos 220 e 280 d.C., para carregarem lanternas que iluminariam o campo de batalha e possibilitariam ataques noturnos durante a guerra que ocorreu por lá naquele período. Mil anos depois, esses balões teriam chegado à Europa através de invasores mongóis, e logo vários inventores europeus buscariam formas de criar um balão forte o suficiente para carregar uma ou mais pessoas. Mais alguns séculos se passariam antes que o primeiro experimento com um balão de passageiros fosse bem sucedido: o Passarola, criado pelo padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão, que, em 1709, subiu alguns centímetros do chão dentro da sala de um palácio em Lisboa, Portugal; Gusmão alegou que o Passarola também havia feito um voo de 1 km de distância partindo do topo do castelo de São Jorge, em Londres, Inglaterra, mas, como ninguém viu isso acontecer, ele logo foi taxado de mentiroso, e esse "primeiro voo" não é considerado pela maior parte da comunidade científica.

O primeiro voo de balão levando passageiros de que se tem registro na história ocorreria em novembro de 1783, em um balão inventado pelos irmãos franceses Josef e Etienne Montgolfier. Partindo de Paris, França, os pilotos Jean-François Pilâtre de Rozier e François Laurent d'Arlandes alcançariam uma altitude de 152 metros, e percorreriam 8,85 km em 25 minutos. O sucesso do balão dos irmãos Montgolfier estimularia vários outros inventores a tentar o mesmo, como o professor Jacques Charles, que, ajudado pelos irmãos Anne-Jean e Nicolas-Louis Robert, construiria, também em 1783, o primeiro balão que usava hidrogênio ao invés de ar quente, e que percorreria 43 km em duas horas, alcançando uma altitude de 600 m, indo de Paris até a cidade de Nesles-la-Vallée. No ano seguinte, Pilâtre de Rozier e o químico francês Joseph Louis Proust modificariam o projeto dos Montgolfiers para que ele passasse a usar hidrogênio, e alcançariam a espantosa altitude de 3.000 metros, partindo de Paris e percorrendo 52 km em 45 minutos antes de serem forçados a pousar na Floresta de Chantilly devido ao mau tempo. Durante muito tempo, os balões de ar quente foram abandonados em favor dos de hidrogênio, até que, na década de 1950, graças ao menor custo dos de ar quente, entusiastas que tinham o balonismo como hobby passaram a usá-lo novamente, virando o jogo e tornando os balões de ar quente mais populares que os de hidrogênio por algumas décadas.

Hoje, existem tanto balões de ar quente quanto de gás, cada um com suas vantagens e desvantagens - sendo que o gás hoje usado é o hélio, e não o hidrogênio, que é considerado perigoso por ser altamente inflamável. Balões de ar quente precisam carregar o combustível que alimentará a chama, o que significa maior peso, e, portanto, menor altitude, e só conseguem se manter no ar enquanto ainda houver combustível - sem o uso da chama, o ar dentro do balão esfria e ele começa a perder altitude. Balões de gás, por outro lado, são mais leves, conseguem alcançar maiores altitudes, e se mantêm no ar por muito mais tempo, mas são mais difíceis de se controlar: para controlar a altitude de um balão de ar quente, basta aumentar ou diminuir a chama, enquanto um balão de hidrogênio precisa carregar lastros que serão jogados para fora quando for preciso ganhar mais altitude, e deixar sair um pouco do gás por uma válvula quando for preciso descer, o que só pode ser feito um número limitado de vezes antes de o gás se tornar insuficiente para fazer o balão voar.

Para tentar combinar o melhor de dois mundos, de Rozier, em 1785, inventaria um "balão duplo", que consiste em um balão de ar quente preso a um balão cheio de gás. Em seu voo inaugural, de Rozier, como todo mundo na época, usou hidrogênio para encher o balão de gás, e descobriu da pior maneira que isso não seria uma boa ideia, quando o calor do balão de ar quente fez com que o hidrogênio entrasse em combustão, explodindo o balão e causando sua morte. Devido a esse acidente, esse tipo de balão, hoje chamado de Rozière, foi considerado durante muito tempo perigosíssimo, e somente em 1986, quando novas técnicas de segurança, incluindo o uso do hélio, foram estabelecidas, é que ele voltou a ser usado em larga escala, com o primeiro voo sendo feito pelos holandeses Henk Brink, Evilien Brink e Willem Hageman, que partiram do Canadá e pousaram na Holanda, percorrendo 4.077 km em dois dias.

Nas provas esportivas da FAI, são sempre usados balões de ar quente, embora a federação registre recordes obtidos por balões de gás e balões Rozière, como maior altitude alcançada (39 km, obtido em outubro de 2012 por um balão de hélio que levou o paraquedista Felix Baumgartner a um salto da estratosfera; o recorde de maior altitude obtido por um balão de ar quente é de 6,614 km, obtido em 2004) e maior distância percorrida (8.465 km, obtido em 2015; o de ar quente é de 33.521 km, obtido em 2016). Por outro lado, a FAI organiza competições de balonismo tanto de balões quanto de dirigíveis; um dirigível é um balão de gás em formato elíptico, que conta com uma cabine e hélices propulsoras, o que o torna muito mais fácil de ser conduzido - por isso o nome "dirigível". O primeiro dirigível capaz de sair do chão sozinho, navegar corretamente e pousar sem explodir foi criado pelo francês Henri Giffard em 1852, usava vapor d'água como combustível, hidrogênio para encher o balão, e voou 27 km de Paris a Élancourt.

Durante muito tempo, os dirigíveis foram considerados como a melhor opção de voo, inclusive para o transporte de passageiros, até a tragédia com o LZ-129 Hindenburg, construído pela alemã Zeppelin (fundada pelo Conde Ferdinand von Zeppelin, que inventou o modelo fabricado pela companhia em 1874, e que se tornou tão famoso que, hoje, zepelim é, em vários idiomas, um sinônimo para dirigível), que, em 3 de maio de 1937, partiu da cidade de Frankfurt, Alemanha, e, três dias depois, chegou a Lakehurst, Nova Jérsei, Estados Unidos; enquanto tentava atracar, o Hindenburg pegou fogo, matando todas as 36 pessoas a bordo - até hoje, não se sabe com certeza o que teria provocado o incêndio. A tragédia do Hindenburg não foi a primeira envolvendo um dirigível - o britânico R38 teve uma falha estrutural e caiu em 1921 - e nem a com o maior número de vítimas - o norte-americano ZRS-4 Akron matou 73 das 76 pessoas a bordo ao cair no mar durante uma tempestade - mas foi a mais impressionante, e serviu para que a ideia de usar dirigíveis para o transporte de passageiros fosse abandonada de vez.

Desnecessário dizer, os dirigíveis usados em provas da FAI são muito mais seguros que os do início do século XX; na verdade, eles são praticamente idênticos aos balões de gás sancionados pela federação, mas com formato diferente e contando com a cabine e os propulsores ao invés do cesto. Dirigíveis da FAI são movidos a gasolina, mas hoje já existem também dirigíveis elétricos.

Seja de balões ou de dirigíveis, as provas do balonismo são as mesmas (sendo disputadas provas separadas para balões e dirigíveis, evidentemente): distância, velocidade e precisão. Na prova da distância, é estipulado um tempo-limite, e o vencedor é aquele que percorrer a maior distância dentro desse tempo. Já na prova da velocidade, é montado um trajeto de vários quilômetros, com pontos de checagem pelos quais os balões ou dirigíveis devem passar, e o vencedor será aquele que conseguir completar o trajeto no menor tempo. A prova da precisão também conta com um trajeto e pontos de checagem, mas com uma diferença: em cada ponto de checagem, há um alvo. Na prova dos balões, cada balão carrega um número de sacos de areia igual ao número de alvos, sendo que o piloto deve jogar um saco em direção ao alvo e tentar atingir o mais próximo possível de seu centro, enquanto na prova dos dirigíveis é preciso pousar o mais próximo possível do centro do alvo e levantar voo novamente. Os juizes da prova medem a distância do saco ou do pouso em relação ao centro do alvo, e, após todos terem passado por aquele alvo, conferem uma pontuação de acordo com essa distância - com o que chegou mais próximo do alvo ganhando 1000 pontos, o segundo ganhando 900 etc. - sendo possível dois pilotos obterem a mesma pontuação no mesmo alvo caso empatem. No fim da prova, o vencedor será o piloto com mais pontos. Todas as provas do balonismo são individuais (uma pessoa por balão ou dirigível) e mistas (homens e mulheres competem juntos).

A mais importante competição do balonismo é a Copa Aeronáutica Gordon Bennett, criada em 1906 em Paris, e que leva esse nome porque foi financiada pelo dono do jornal norte-americano The New York Herald, James Gordon Bennett, Jr. Trata-se de uma espécie de "rali de balões", com a participação apenas de balões de gás e dois ocupantes por balão; todos os balões partem do mesmo ponto, devem percorrer o mesmo trajeto, e aqueles que forem pousando vão sendo eliminados, com quem sobrar por último no ar sendo o vencedor. O recorde de tempo no ar foi estabelecido em 1995, quando os alemães Wilhelm Eimers e Bernd Landsmann ficaram 92 horas voando da Suíça até a Letônia; e o de distância dez anos depois, quando os belgas Bob Berben e Benoît Siméons percorreram 3.400 km entre Albuquerque, no Novo México, Estados Unidos, e Squatec, em Québec, Canadá. O maior vencedor é o francês Vincent Leys, com nove títulos, incluindo o do ano passado, no qual fez dupla com Christophe Houver. A Copa Gordon Bennett foi realizada anualmente entre 1906 e 1913, parou para a Primeira Guerra Mundial, retornou entre 1920 e 1938 (não sendo disputada em 1931 por condições climáticas adversas) e então passou por um longo hiato, só voltando a ser disputada em 1979, com a FAI assumindo sua organização em 1983.

A FAI também organiza, a cada dois anos desde 1973 (até 1999 nos anos ímpares, desde 2002 nos anos pares) o Campeonato Mundial de Balões de Ar Quente; até 2012, o campeonato era oficialmente misto, mas todos os competidores eram homens, então, para estimular a participação de mulheres, naquele ano foi criado o Mundial Feminino, com sede diferente, com o Mundial original passando a ser masculino. Já o Campeonato Mundial de Dirigíveis começou a ser disputado apenas em 1994, também a cada dois anos, mas, após a edição de 2010, foi suspenso, estando uma próxima edição prevista para esse ano de 2018. O balonismo também faz parte dos Jogos Aéreos Mundiais desde a primeira edição em 1997; atualmente, fazem parte do programa duas provas, ambas de precisão, uma para balões, outra para dirigíveis. Vale citar também que o balonismo fez parte do programa das Olimpíadas de 1900, em Paris, mas, como foi adicionado pelo Comitê Organizador Local, sem a autorização do COI, essa prova hoje não é considerada como olímpica.

Finalmente, temos o voo aeroespacial. A FAI (ainda) não organiza corridas de naves espaciais, mas registra e sanciona recordes obtidos pelo homem no espaço, que é do que se trata esse esporte. É claro que a maioria dos recordes pertence a astronautas, já que (ainda) não é qualquer um que consegue ir ao espaço tentar quebrar um recorde, mas, com a proximidade cada vez maior dos voos espaciais particulares, quem sabe não chegará o dia em que surgirão os esportes espaciais?
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

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Esportes Aéreos (I)

Ano passado, eu terminei de falar sobre todos os esportes do programa das Olimpíadas (exceto dois que estão previstos para estrear em 2020, então, a rigor, ainda não fazem parte do programa). Logo depois, decidi olhar o programa dos World Games, pra ver quais esportes que estavam lá e eu ainda não havia abordado. Logo o primeiro da lista (na ordem alfabética em inglês, já que o programa que eu olhei estava nesse idioma) eram os esportes aéreos. Ao ver isso, achei que seria legal falar sobre eles.

"Esportes aéreos", como o plural do nome atesta, não é apenas um esporte, e sim um conjunto de treze esportes regulados pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI). Como era de se esperar, não são todos os esportes "aéreos" que existem, mas somente aqueles dos quais a FAI estabelece as regras e organiza os campeonatos - o wingsuit, por exemplo, ainda não é regulado pela FAI, então não entra na conta. Sobre um desses esportes, o voo planado, eu já falei aqui, no segundo post sobre os esportes de demonstração, porque ele pertenceu a essa categoria nas Olimpíadas de 1936; evidentemente, não vai dar para falar sobre todos os outros doze hoje, de forma que darei preferência para os que já fizeram parte dos World Games - é provável, portanto, que no futuro eu faça uma segunda parte desse post. Por enquanto, apertem os cintos, pois hoje é dia de esportes aéreos no átomo!

Vamos começar pelo principal esporte aéreo nos World Games, o paraquedismo. O paraquedismo estreou nos World Games em 1997, em Lahti, Finlândia, e é o único esporte aéreo que fez parte de todas as edições do evento desde então - aliás, até a edição de 2013, ele era o único esporte aéreo do programa.

O paraquedas foi uma invenção do balonista francês André-Jacques Garnerin, que buscava criar um dispositivo de segurança que salvasse a vida dos passageiros em caso de queda do balão. Em 1797, corajosamente, ele pulou de um balão que sobrevoava Paris a 980 m de altura para testar sua invenção, e felizmente chegou de forma segura até o chão. Os primeiros paraquedas, porém, não eram como os de hoje, devendo ser carregados no fundo do balão e abertos pelos próprios paraquedistas, usando as mãos, no momento do salto; os paraquedas dobráveis, que cabem em mochilas e são abertos por cordas de segurança seriam invenções dos militares, que buscavam torná-los mais facilmente transportáveis, para ocupar menos espaço nas aeronaves, e mais fáceis de abrir, para facilitar seu uso em emergências. As primeiras competições de paraquedismo, que datam de 1939, também foram criação dos militares, e, no início, eram pouco mais que exibições de habilidade, com os paraquedistas demonstrando acrobacias antes de abrir seus paraquedas; as primeiras competições com regras bem definidas, jurados e participação de civis datam da década de 1950, com a primeira competição internacional de paraquedismo tendo sido realizada em Paris, em 1952, com a participação de paraquedistas de 12 países europeus.

Atualmente, a FAI reconhece dez modalidades do paraquedismo. A mais comum e mais famosa é a de precisão, na qual o objetivo é atingir uma espécie de alvo feito de lona e posicionado no chão, cujo centro é um círculo de 2 cm de diâmetro. O alvo possui sensores eletrônicos em toda a sua área, para determinar e exibir em um placar a qual distância o paraquedista tocou do centro quando pousou, sendo que, evidentemente, quanto mais perto do centro, mais pontos o paraquedista ganha; paraquedistas que não pousem sobre o alvo são desclassificados. Competições de precisão normalmente são disputadas em três fases, com os 25% mais bem colocados da primeira fase se classificando para as semifinais, os 50% mais bem colocados da semifinal se classificando para a final e aquele com a maior pontuação após a final sendo declarado campeão. Os pontos não são descartados após cada fase, o que significa que o campeão é aquele com mais pontos após somarem-se os pontos da fase classificatória, da semifinal e da final, e não aquele que pousou mais perto do alvo na final. A prova de precisão pode ser disputada de forma individual ou por equipes, sendo que cada equipe tem cinco paraquedistas que saltam do avião com intervalo de um minuto entre eles, somando-se os pontos de todos os integrantes da equipe para se determinar a equipe vencedora. A prova de precisão, tanto no individual quanto por equipes, é disputada no masculino e no feminino.

A precisão não é a modalidade mais antiga do paraquedismo; este posto pertence ao estilo, competição que remonta a o que os militares faziam quando o esporte do paraquedismo foi inventado. Em uma competição de estilo, após saltar do avião, e antes de abrir seu paraquedas, cada competidor deve realizar uma série de acrobacias simples, que incluem cambalhotas para a frente e para trás e giros ao redor do próprio eixo e ao redor do eixo da queda; a quantidade exata de cada movimento e a sequência na qual eles devem ser feitos são determinados pela organização do evento. Para determinar o vencedor, é considerado o tempo total que o paraquedista levou para realizar a sequência completa, com o tempo começando a contar quando ele inicia a primeira acrobacia e parando quando ele finaliza a última; erros durante as acrobacias são convertidos em tempo extra, somado ao tempo final do competidor. Normalmente a competição possui três fases, com os melhores da primeira passando para as semifinais e os melhores das semifinais fazendo a final, sendo os tempos das três fases somados para se determinar o vencedor - que, evidentemente, será aquele com o menor tempo.

A precisão e o estilo fazem parte do campeonato mundial mais antigo da FAI, chamado apenas de Campeonato Mundial de Paraquedismo, e realizado a cada dois anos desde 1954. Atualmente, o Mundial conta com as provas da precisão individual masculina, precisão individual feminina, precisão por equipes masculina, precisão por equipes feminina, estilo masculino, estilo feminino e com as provas do overall masculino e overall feminino, na qual as posições de cada competidor nas provas de precisão individual e de estilo são convertidas em pontos, que são então somados para se determinar o vencedor do overall.

A segunda prova mais comum é a do estilo livre, criada na década de 1980, também disputada no masculino e no feminino, de forma individual ou em duplas. Na prova do estilo livre, cada paraquedista (ou dupla) salta de uma altura entre 1.000 e 1.200 metros, e deve realizar acrobacias antes de abrir seu paraquedas, ganhando pontos por cada acrobacia bem sucedida. Todas as acrobacias válidas são sancionadas pela FAI utilizando critérios de segurança - descer com a cabeça apontando para o chão, por exemplo, é considerado inseguro, pois aumenta rapidamente a velocidade do paraquedista, e, portanto, faz com que ele perca pontos ao invés de ganhar. O vencedor da competição será aquele que obtiver a maior nota dos jurados, normalmente após duas fases de competição, uma classificatória e uma final, com as notas sendo somadas. Como é impossível os jurados saltarem junto com os paraquedistas, é usada uma equipe de cinegrafistas, com um cinegrafista saltando junto com cada competidor ou dupla, e as notas sendo atribuídas de acordo com as imagens dos vídeos.

O estilo livre possui uma variação considerada uma modalidade em separado pela FAI, conhecida como queda livre. As regras são as mesmas, mas, na queda livre, durante as acrobacias, os paraquedistas, além da posição tradicional, como se estivessem deitados no ar de barriga para baixo, também podem assumir as posições de costas (como se estivessem deitados no ar de barriga para cima), vertical (apontando a cabeça ou os pés para o chão) e sentada (como se os paraquedistas estivessem sentados em cadeiras invisíveis no ar). A queda livre é considerada a modalidade mais perigosa do paraquedismo, pois, além de o paraquedista alcançar grande velocidade, é praticamente impossível abrir o paraquedas fora da posição tradicional, para a qual o paraquedista sempre deve retornar ao final da apresentação.

Em seguida temos a prova de velocidade, também conhecida como sprint, criada na década de 1990 e disputada no masculino e no feminino. Nela, o paraquedista salta de uma altura entre 2.200 a 2.500 metros, tenta alcançar a maior velocidade possível nos primeiros 20 segundos, e então realiza uma série de dez acrobacias pré-determinadas pela organização do evento, devendo completá-las com perfeição antes do momento de abrir o paraquedas. Cada erro nas acrobacias resulta não em perda de pontos, e sim a tempo adicionado no tempo total que o paraquedista levou para realizar todas as acrobacias, que começa a contar do momento em que ele inicia a primeira e termina no momento em que ele abre o paraquedas. Provas de velocidade costumam ser muito, mas muito rápidas, com uma série de dez acrobacias sendo realizada, em média, em seis segundos; esse é também o esporte no qual um ser humano consegue alcançar a maior velocidade sem qualquer auxílio de propulsão externa, com os melhores paraquedistas chegando a 400 km/h. Competições de velocidade costumam ter uma fase classificatória e uma final, da qual participam os oito melhores tempos, sendo que os tempos não são somados, valendo para o título apenas o tempo da final. Para não fazer o coitado do cinegrafista saltar nessa velocidade toda, a prova de velocidade é filmada por uma câmera especial, montada no solo e que conta com um super zoom.

A prova mais bonita é a da formação, disputada por equipes masculinas, femininas e mistas, e criada na década de 1960. Nela, um grupo de paraquedistas salta do avião quase que simultaneamente; durante a queda, esses paraquedistas devem se aproximar uns dos outros, e, tocando seus braços e pernas, criar "desenhos" com seus corpos no ar. Os desenhos válidos também são determinados pela FAI, e, mais uma vez, levam em conta critérios de segurança; existem dois tipos de desenhos, os randoms, no qual os paraquedistas apenas se aproximam e formam o desenho, e os blocks, no qual os paraquedistas devem realizar movimentos específicos, chamados inters, enquanto entram em formação. Cada random bem sucedido vale um ponto, enquanto cada block vale dois pontos, um pela precisão dos inters e um pelo resultado final. Cada competição é composta de dez rodadas, com cada rodada sendo composta de blocks e randoms pré-determinados pela organização, diferentes a cada rodada, e sempre somando um total de 5 ou 6 pontos; cada equipe possui 35 segundos para realizar todos os blocks e randoms do programa, e, se sobrar tempo depois do último, pode recomeçar para pontos bônus - somando, portanto, mais de 5 ou 6 pontos a cada rodada. Os pontos de cada rodada são somados, e a equipe vencedora será aquela com mais pontos após a décima; em alguns torneios, a equipe com menos pontos é desclassificada após certas rodadas (normalmente da quinta ou da sexta em diante), com apenas as de melhor pontuação chegando à rodada final. Assim como no estilo livre e na queda livre, a pontuação é atribuída de acordo com a imagem dos vídeos dos cinegrafistas que saltaram junto com cada equipe.

A formação possui seis provas: na 4-way, competem grupos de quatro paraquedistas; na 8-way, grupos de oito; e, na 16-way, isso mesmo, grupos de dezesseis. Na 4-way vertical, ou VSF (de vertical formation skydiving, "paraquedismo de formação vertical") também competem grupos de quatro, mas os randoms e os blocks são diferentes, e fazem uso de posições verticais e sentadas, enquanto nas outras três provas só é usada a posição tradicional do paraquedismo. Na 10-way temos equipes de dez paraquedistas, mas também com regra diferente, com os randoms e blocks sendo livres e o objetivo sendo somar o maior número de pontos em 50 segundos. Finalmente, temos a Big-way, na qual o número de paraquedistas é aberto, e que funciona de forma diferente das demais porque não tem provas com rodadas e vencedores, apenas quebras de recorde - ou seja, uma equipe decide tentar um determinado random ou block, ou mantê-lo por um determinado tempo sem nenhum paraquedista se soltar, e, se conseguir, um novo recorde é estabelecido. Atualmente, o recorde de maior número de participantes em uma equipe de Big-way é de 400, que mantiveram um random por 4,25 segundos em fevereiro de 2006.

A formação possui seu próprio Mundial, o Campeonato Mundial de Formação, disputado a cada dois anos desde 1975 - até 2003 nos anos ímpares, desde 2004 nos anos pares, o que significa que a próxima edição será esse ano. No início, o Mundial tinha apenas provas de 4-way e 8-way masculinas, com a 4-way feminina estreando em 2001 e a 4-way vertical mista estreando em 2012. Desde 2006, também são disputadas no Mundial de Formação provas de estilo livre e queda livre mistas e de velocidade masculina.

A formação também possui uma variação considerada uma modalidade em separado pela FAI, conhecida como CReW, sigla para Canopy Relative Work, que, traduzido literalmente, significa "trabalho relativo de cobertura". A prova do CReW é basicamente uma prova de formação com os paraquedas abertos; os paraquedistas abrem seus paraquedas logo após saltar do avião, e formam randoms e blocks durante a descida. Por razões de segurança, cada paraquedista conta com dois paraquedas e uma faca, caso um se enrosque no paraquedas do outro e precise cortar as cordas para se livrar. A prova do CReW é disputada por duplas ou por equipes de quatro integrantes, existindo provas masculinas, femininas e mistas; também existem provas de "Big-way", com equipes numerosas tentando quebrar recordes.

Outra prova bastante popular é a de pilotagem. Nela, ao atingir determinada altitude, os paraquedistas abrem seus paraquedas não para descer na vertical, e sim para planar em direção a uma linha de chegada. Provas de pilotagem normalmente são realizadas sobre a água, e contam com pontos de checagem eletrônicos durante o percurso, que acusam a passagem do paraquedista por eles. Existem provas de pilotagem de quatro tipos: na de velocidade, existem apenas dois pontos de checagem, e o vencedor será aquele que completar o trajeto entre eles no menor tempo; na de distância, há apenas um ponto de checagem, e o vencedor será aquele que completar a maior distância depois que passar por ele, com a contagem se encerrando quando o paraquedista toca o chão; na de precisão, o paraquedista deve passar por um ou mais pontos de checagem e então pousar sobre um alvo, ganhando pontos de acordo com a distância do centro do alvo a qual tocou ao pousar, e sendo vencedor o que somar mais pontos; e, na de canopy, os paraquedistas devem passar por dois pontos de checagem, mas, entre um e outro, devem fazer acrobacias, que incluem tocar a água para deixar um spray atrás de si, sendo as acrobacias avaliadas por jurados, e se tornando vencedor aquele que obtiver a maior nota. As quatro provas também fazem parte do evento combinado, no qual o mesmo paraquedista compete nas quatro e sua performance é convertida em pontos usados para se determinar o campeão. Existem, também, competições de pilotagem por equipes, com cada equipe sendo composta de três paraquedistas, e seus tempos, distâncias ou pontos sendo somados para se determinar a equipe vencedora. A pilotagem também possui seu próprio mundial, o Campeonato Mundial de Pilotagem, disputado a cada dois anos desde 2006; atualmente, são disputadas no Mundial provas de velocidade, distância, precisão, canopy e combinado individuais, todas mistas.

Semelhante à pilotagem é a prova do cross country, na qual, assim como no CReW, os paraquedistas abrem seus paraquedas assim que saltam do avião, e, assim como na pilotagem, os usam para planar em direção à linha de chegada. A principal diferença do cross country para a pilotagem é que, no cross country, a linha de chegada está posicionada a quilômetros de distância do local do salto, e nem todo o percurso é feito sobre a água (na verdade, pode ser que nada do percurso passe por água). Os paraquedistas usam aparelhos de GPS e rádios para que se possa determinar com exatidão seu posicionamento durante a prova, e não a realizam um por vez, com grupos grandes saltando com intervalos de um minuto entre um paraquedista e outro. Antes de cada prova, os paraquedistas também devem estudar um mapa, para saber se estão no caminho correto ou não durante o salto. No final da prova, o vencedor será aquele que tiver realizado o percurso no menor tempo, com o tempo sendo contado do momento em que o paraquedista deixou o avião até o momento no qual ele passou pela linha de chegada.

Finalmente, temos o skysurfing, no qual o paraquedista salta com uma pequena prancha, semelhante a uma de snowboarding, presa aos pés. Assim como no estilo livre, durante a queda, ele deve realizar acrobacias, que são filmadas por um cameraman que salta junto com ele, e rendem pontos conferidos por juízes que assistem o vídeo. As acrobacias são próprias dessa modalidade e se assemelham às do surf, por isso o nome - de fato, durante o vídeo, o paraquedista parece estar surfando no ar, e não caindo. Por razões de segurança, a prancha possui um sistema que a ejeta caso o paraquedista esteja tendo dificuldades para descer com os pés presos a ela ou para pousar. O skysurfing foi criado em 1986 por dois franceses, Dominique Jacquet e Jean-Pascal Oron, mas somente começou a se popularizar no final da década de 1990; ele também possui seu próprio mundial, o Campeonato Mundial de Skysurfing, realizado a cada dois anos desde 1997.

O principal campeonato do paraquedismo são os Jogos Aéreos Mundiais, competição realizada a cada quatro anos desde 1997, criada para reunir todos os esportes da FAI, mas que, na prática, deixa alguns de fora. No caso do paraquedismo, são disputadas provas de precisão (individual masculino e feminino e equipes masculinas e femininas), estilo livre (mista), queda livre (mista), formação (4-way masculina, 4-way feminina, 8-way e VSF mistas), CReW (2-way e 4-way mistas), pilotagem (velocidade, distância, precisão, canopy e combinado individuais mistas e canopy por equipes mistas) e velocidade (masculina). Nos World Games, já fizeram parte do programa provas de precisão individual masculina, feminina e mista; estilo livre masculino, feminino e misto; formação 8-way mista; CReW 4-way mista; e pilotagem combinada mista.

O segundo esporte aéreo a estrear nos World Games foi o paragliding, que entrou no programa em 2013 - única edição da qual participou até agora, aliás. Muita gente acha que no paragliding os competidores planam usando um paraquedas, mas, na verdade, apesar da aparência semelhante, um paraquedas e um paraglider são artefatos bem diferentes. Verdade seja dita, o paraglider foi criado a partir do paraquedas, ou melhor, de ideias para se planar com paraquedas da mesma forma que era feito com asas delta, se jogando de um penhasco ao invés de saltando de um avião ou balão; os pioneiros do paragliding incluem a canadense Domina Jalbert, primeira a tentar realizar o feito, em 1952, e que construiu o primeiro protótipo de paraglider, o qual chamou de "parafoil", dez anos depois; o francês Pierre Lemoigne, que, em 1961, tentou combinar uma asa delta e um paraquedas no que chamou de "paracommander", usado para um esporte conhecido como parasail ou parascending, no qual o parasailer era empinado como uma pipa com um cabo preso a um carro ou barco e depois solto para planar; e o canadense Patrick Gilligan e o suíço Bertrand Dubuis, que, em 1985, em um livro de sua autoria sobre os princípios do parascending, criaram o termo paragliding - glide, em inglês, significa "planar", então, paragliding seria algo como "planar com um paraquedas".

Mas os inventores do paraglider usado hoje foram três amigos franceses, Jean-Claude Bétemps, André Bohn e Gérard Bosson, que, em 1978, criaram o que chamaram de parapente - nome que até hoje é usado na França e, algumas vezes, no Brasil, e vem do fato de que pente, em francês, significa "inclinação", uma alusão ao fato de que o paraglider desce em ângulo em direção ao chão. No primeiro teste, Bétemps saltou da Ponte de Pertuiset, em Mieussy, França, e planou por 100 metros. No segundo, Bohn, saltando da mesma ponte, percorreu mais de um quilômetro até aterrissar em um campo de futebol. A partir daí, a prática do paragliding se espalhou pela França, chegou a outros países, e, durante a década de 1990, passou por um surto de popularidade, acompanhado de aperfeiçoamentos que tornaram o esporte cada vez mais seguro.

A parte de cima do paraglider, que se parece com um paraquedas, é na verdade composta de duas camadas de nylon ou poliéster, ligadas de forma a criar células em seu interior; com a passagem do vento, essas células se enchem de ar, dando ao paraglider um formato de aerofólio, que é o que faz com que ele plane. O paraglider é ligado por cordas a uma espécie de cadeirinha feita de lona, que permite que o piloto assuma as posições de pé ou sentado a qualquer momento, inclusive durante o voo, e conta com amortecedores para o caso de um pouso de emergência. O paraglider mais a cadeirinha pesam em torno de 22 kg; um paraglider tem entre 20 e 25 m2 de área, entre 8 e 12 m de envergadura, e consegue alcançar até 75 km/h. Um paraglider perde um metro de altitude a cada 11 metros percorridos; para efeitos de comparação, um paraquedas planando perde um metro de altitude para cada três percorridos. Um paraquedas completo, com mochila e tudo, pesa entre 9 e 11 kg, mas sua área e envergadura dependem de vários fatores, como o peso do paraquedista, a altura do salto, a altitude na qual ele vai se abrir etc.

Existem vários métodos para a decolagem de um paraglider. O mais usual é se jogar de um penhasco - se jogar mesmo, sair correndo e cair pela borda, sem saltar - o que exige, evidentemente, um penhasco. Na falta de um, o paraglider pode ser empinado como uma pipa, com a ajuda de um barco (mas não um carro, o que é considerado extremamente inseguro e proibido pela FAI): o piloto começa dentro da água, com o paraglider aberto, e é puxado pelo barco até alcançar determinada altitude, quando solta o cabo e começa a planar - sendo este um dos métodos preferidos por quem pratica o paragliding como recreação na praia. Nos campeonatos da FAI, o método preferencial é levar os paragliders até uma determinada altitude com um helicóptero, com eles se jogando pela porta - mais uma vez, sem pular - e começando a planar.

A FAI reconhece duas modalidades do paragliding. A primeira é a precisão, que funciona da exata mesma forma da modalidade do paraquedismo: os paragliders saem de um ponto de partida e devem pousar em um alvo, sendo que, quanto mais perto do centro, mais pontos são conquistados, e quem tiver a pontuação maior é o campeão. A segunda modalidade é o cross country, uma espécie de corrida de paragliders, com os competidores tendo de sair de um ponto de partida, passar por de dois a seis pontos de checagem e pousar em uma linha de chegada, sendo vencedor aquele que conseguir fazer isso em menos tempo. A FAI também sanciona quebras de recorde, fora de campeonato; basta que o paraglider anuncie que vai tentar quebrar um recorde, estabeleça hora e local, e, se um delegado da FAI estiver presente, o novo recorde, caso ocorra, será tornado oficial. O atual recorde de maior distância percorrida pertence a três brasileiros, Donizete Baldessar Lemos, Rafael Monteiro Saladini e Samuel Nascimento, que, em 2016, percorreram 564,3 m.

O mais importante campeonato do paragliding é o Campeonato Mundial de Paragliding, realizado a cada dois anos desde 1989, e que conta com provas mistas de precisão e cross country. Desde 2004, anualmente, também é disputada a Copa do Mundo de Paragliding, apenas com provas cross country, com seis etapas ao longo do ano, nas quais os pilotos ganham pontos de acordo com sua colocação; só participam da sexta etapa (conhecida como superfinal) os seis pilotos com mais pontos após a quinta, sendo que o vencedor da superfinal é também o campeão daquele ano, independentemente do número de pontos que tinha até então. O paragliding também faz parte do programa dos Jogos Aéreos Mundiais desde a primeira edição, sendo que, nessa primeira edição, a única prova de paragliding do programa foi de cross country, mas, da segunda em diante, foi de precisão, sempre com provas mistas. Nos World Games de 2013, foram disputadas provas de precisão masculina e feminina.

O terceiro esporte a estrear nos World Games foi o ultraleve e paramotor. O paramotor foi criado pelo inglês Mike Byrne em 1980, e é essencialmente um paraglider, mas, atrás da cadeirinha, ele tem uma espécie de ventilador gigante, quase do tamanho do piloto, que atua como elemento de propulsão; esse ventilador é movido a gasolina, e tem autonomia de 4 horas. Um paramotor pesa entre 22 e 34 kg, e, assim como um paraquedas, sua área e envergadura dependem do peso somado do piloto com o ventilador. Graças ao ventilador, levantar voo com um paramotor é bem mais fácil que com um paraglider: basta correr com o ventilador ligado durante 10 ou 20 metros e dar um salto, deixando o paramotor ser levado pelo voo. Em voo, um paramotor alcança até 75 km/h.

Já o ultraleve é um avião de pequeno porte, que pese no máximo 472,5 kg, alcance a velocidade máxima de 65 km/h e tenha no máximo dois ocupantes. A grande maioria dos ultraleves é movida a gasolina, mas, recentemente, já começaram a ser produzidos ultraleves elétricos. Os ultraleves começaram a ser fabricados, muitos por seus próprios pilotos, na década de 1970, como uma forma de se ter um avião barato e usado para o lazer. As primeiras competições esportivas de ultraleve começariam na década de 1980, quando também surgiram os primeiros clubes de ultraleve, dedicados à reunião de seus pilotos e entusiastas. Existem centenas de modelos de ultraleves, mas, para uso em suas competições, a FAI sanciona apenas dois, o girocóptero e o trike. O trike é uma espécie de asa delta que, no lugar da armação onde o piloto segura, há uma carenagem com três rodas, assento para duas pessoas e uma hélice atrás, que atua como propulsor, enquanto o girocóptero é um pequeno helicóptero de carenagem aberta.

Independentemente de se é usado um paramotor, um girocóptero ou um trike, a prova é a mesma, e se chama slalom. Nela, o piloto deve percorrer um circuito de 2 km de extensão demarcado por postes infláveis por dentro dos quais o piloto deve passar. Cada piloto faz três passagens alternadas (não seguidas) pelo circuito, e os tempos são somados para se determinar o vencedor. Uma peculiaridade do circuito é que ele tem uma área de decolagem e uma área de pouso, onde a passagem tem de terminar; decolar após o fim da área de decolagem ou pousar fora da área de pouso, assim como voar abaixo da altitude mínima de segurança e falhar em passar pelos postes, resulta em tempo extra somado ao tempo final daquela passagem. Em provas de paramotor, apenas os 16 melhores após a segunda passagem disputam a terceira, conhecida como final. Existem provas de slalom individuais e por equipes de três integrantes cada, com seus tempos sendo somados para se determinar o tempo da equipe.

O Campeonato Mundial de Ultraleve e Paramotor, mais importante competição desse esporte, é disputado anualmente desde 1985. O esporte também está presente nos Jogos Aéreos Mundiais desde 1997, mas, no início, eram disputadas apenas provas de ultraleve, com o paramotor só tendo estreado em 2015; atualmente, fazem parte do programa três provas: paramotor, girocóptero e trike individuais. Nos World Games de 2017, única edição da qual esse esporte participou até agora, foi disputada apenas a prova do paramotor individual. Todas as provas de ultraleve e paramotor são mistas, com homens e mulheres competindo juntos.

Para terminar por hoje, vamos falar da aerobática, cujo nome é uma junção das palavras "aéreo" e "acrobática". A aerobática é a versão esportiva de uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça, com cada piloto ou equipe realizando acrobacias e um painel de seis jurados atribuindo notas de acordo com a precisão e estética de cada uma, sendo vencedor o piloto ou equipe que obtiver a maior nota após a soma das seis. Durante a apresentação, cada aeronave deve permanecer dentro de um cubo imaginário de 1 km de lado, determinado por marcações no solo, perdendo pontos se sair dessa área de competição; os jurados se posicionam no solo, cada um entre 150 e 250 m dos limites desse cubo. Competições de aerobática costumam ser realizadas em duas fases, com os oito melhores da primeira fase retornando para a final com suas notas zeradas - ou seja, o melhor da final será o campeão, independentemente de sua nota na primeira fase.

A aerobática surgiu no início do século XX, quando alguns aventureiros decidiram comprar aviões de segunda mão e usá-los não para transporte ou guerra, mas para ganhar uns trocados espantando plateias com sua coragem e ousadia. Aos poucos os militares passaram a encorajar a aerobática em seus treinamentos, por acreditar que o conhecimento das arrojadas manobras poderia representar uma vantagem durante um conflito real; logo os próprios militares passaram a ter equipes permanentes de aerobática - como a já citada Esquadrilha da Fumaça, que é patrocinada pela Aeronáutica do Brasil - e daí foi uma questão de tempo até que as várias equipes de diferentes quartéis começassem a competir entre si para decidir qual era a melhor. As primeiras competições esportivas de aerobática abertas a civis datam da década de 1950.

A FAI só reconhece quatro modalidades da aerobática: propulsionada, planador, paraglider e paraglider duplas; algumas competições nacionais - e até mesmo algumas internacionais - têm provas de aerobática de asas delta e de helicópteros, mas estas são consideradas perigosas pela FAI. A aerobática propulsionada - aquela disputada com pequenos aviões, como os da Esquadrilha da Fumaça - possui cinco tipos de prova, de acordo com a experiência do piloto: Primária, Esportista, Intermediária, Avançada e Ilimitada; cada uma dessas provas possui acrobacias válidas diferentes, bem como diferentes velocidades máximas e altura da área válida de competição em relação ao solo - na prova Primária, a face inferior do cubo fica a 460 m do solo, enquanto na Ilimitada fica a apenas 100 m, o que significa que a dificuldade e o risco são bem maiores. A aerobática de planadores e paragliders possui apenas três tipos de prova, Esportista, Intermediária e Ilimitada. Também é importante registrar que todas as competições da FAI são individuais (exceto a paraglider duplas, que, obviamente, é em duplas), mas outros torneios costumam ter provas de duplas e de equipes que chegam a até 16 aviões.

Cada apresentação dura em torno de dez minutos, e todos os aviões devem deixar um rastro de fumaça colorida no ar durante as acrobacias; no caso dos paragliders, a fumaça é dispersada através de um dispositivo preso à parte de trás da cadeirinha. As provas Primária e Esportista não possuem final: cada piloto faz duas apresentações (normalmente uma por dia), com as notas de ambas sendo somadas para se determinar as notas finais e o vencedor; a primeira apresentação é feita com o chamado programa conhecido, que é determinado pela organização meses antes do início do campeonato, e todos os pilotos já sabem o que devem fazer antes de começar, enquanto a segunda é feita com o programa livre, no qual cada piloto pode combinar as acrobacias que quiser para criar sua apresentação, desde que elas constem da lista de acrobacias válidas da FAI. Provas de Intermediária, Avançada e Ilimitada possuem três apresentações na primeira fase (novamente, uma por dia), com as notas sendo somadas para se determinar os oito finalistas; a primeira apresentação é feita com o programa conhecido, a segunda com o programa livre, e a terceira com o programa desconhecido, que também é definido pela organização do torneio, mas só é divulgado para os pilotos 12 horas antes do início da prova, sendo que os pilotos podem estudá-lo, mas não podem treiná-lo antes de a apresentação começar. A final das provas Intermediária e Avançada também é feita com o programa desconhecido, mas a final da Ilimitada é feita com o programa de quatro minutos: durante esse tempo, cada piloto é livre para fazer as acrobacias que bem entender, mesmo que elas não estejam na lista da FAI. Muitas vezes, acrobacias criadas para o programa de quatro minutos se mostram tão populares que acabam adicionadas à lista da FAI para eventos futuros.

O principal torneio da aerobática é o FAI World Grand Prix, disputado anualmente desde 1990, e que conta com todas as 14 provas possíveis do programa da FAI. A aerobática também faz parte dos Jogos Aéreos Mundiais desde 1997; atualmente, todas as quatro modalidades da FAI estão presentes, mas, em todas as quatro, é disputada apenas a prova Ilimitada. Nos World Games de 2017, única edição com a participação da aerobática, foi disputada uma prova de planador Avançada. Todas as provas da aerobática são mistas, com homens e mulheres competindo juntos.
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